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O som do vinil: discotecagem com LPs resgata memórias, prioriza convivência e favorece afetividade com grupos de frequentadores do Cras Teotônio Vilela

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O som do vinil: discotecagem com LPs resgata memórias, prioriza convivência e favorece afetividade com grupos de frequentadores do Cras Teotônio Vilela

A partir da iniciativa voluntária do professor universitário e psicólogo Rafael Ribas, grupo de convivência do idoso revive músicas que fazem parte das suas histórias de vida

Durante uma hora e meia participantes do grupo de convivência do idoso do Centro de Referência em Assistência Social (Cras) Teotônio Vilela, localizado na zona Sul de Marília, ouvem um som que há anos se perdeu: o do vinil. Com um aparelho de toca-discos – que muitos também chamavam de vitrola ou sonata – o professor universitário e psicólogo Rafael Ribas – que possui um acervo particular com 4 mil LPs – realiza uma discotecagem com músicas que marcaram a história do Brasil. E, naturalmente, fizeram parte das histórias de vida dos idosos do grupo.

“É o Chico Buarque de Holanda?”, comentou uma frequentadora do Teotônio Vilela, na tarde de quinta-feira, dia 21 de novembro, quando o Rafael pôs para tocar a faixa 1 de um disco repleto de raridades. O educador social do Cras, Esdras Fred Selegrin, o Fred, imediatamente respondeu para a frequentadora: “Sim, é o Chico”. Ela cresceu ouvindo rádio e, quando adolescente, Chico Buarque, assim como outros nomes da MPB, tocava frequentemente. Na atividade de terça, Rafael teve a cooperação voluntária da estudante de Pedagogia e poeta Larissa Pontes Marchi, de 21 anos. E além de Buarque, os frequentadores curtiram Maria Bethânia, Roberto Carlos, Demônios da Garoa, Léo Jaime, Beth Carvalho, Gal Costa e modas caipiras, como ‘Boneca Cobiçada’, nas vozes de Palmeira e Biá, e até mesmo a 1ª versão de ‘Menino da Porteira’.

De acordo com o educador social Fred, a musicalidade e o vinil – que vinha numa capa com as informações dos artistas e das composições – contribui para resgatar memórias e tem efeito socioeducativo. “A discotecagem com os LPs complementa o trabalho que desenvolvemos do os idosos, além de desenvolver também a afetividade”, contextualizar.

As reações são diversas, relatou Rafael Ribas. “Notamos que alguns se emocionam, outros preferem dançar e até aqueles que estão quietinhos assim, na cadeira, sentadinhos, acabam vivendo grandes emoções internas, relembrando das épocas em que viveram”, disse. Rafael vem realizando a discotecagem com vinil há dois anos e leva seus aparelhos de som e vitrola para outros centros de convivências de Marília. Tudo começou no Centro-Dia Irmã Dilma, que também fica na zona Sul, ao aceitar um convite da assistente social. “Faço uma seleção prévia e separo os LPs que vão comigo para as atividades. Normalmente, são músicas que fizeram parte da vida deles e por isso a emoção toma conta de todos. Muitos cantam e também batem palmas”, destacou Ribas.

A cada atividade, antes da discotecagem, acontece uma roda de conversa. Na terça-feira, a universitária Larissa, que está no 3º ano de Pedagogia no campus da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Marília, presenciou a interação e o envolvimento dos frequentadores. “Conheci o vinil quando criança, no Ensino Fundamental, uma professora levava para sala de aula discos do Legião Urbana, do Raul Seixas e Novos Baianos para que ouvíssemos as músicas e analisássemos as letras”.

O contexto histórico das letras e músicas também acabam sendo observados nas atividades de discotecagem de Rafael Ribas. A ação com música, vinil e arte, conforme informou o educador social Fred, acaba integrando três eixos da assistência social: a convivência social e intergeracionalidade, o envelhecimento ativo e saudável e a autonomia e protagonismo.

Fotos Ramon Barbosa Franco

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